quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ERA UMA VEZ



Era uma vez uma praça.
Era uma vez uma casa.
Era uma vez uma janela,
onde elegante donzela
olhava o mundo passar.

Era uma praça graciosa,
enorme era o casarão,
velha relíquia da esquina,
celeiro de boas lembranças.



Ali ouviu-se o piano
de belos pés entalhados.
Ali se fizeram festanças
na abastança dos tempos idos.

Ali cresceram as moças,
que, com o tempo, envelheceram.
Apenas a da janela
recusou as rugas;
disse não ao peso dos anos,
usando como arma
seu sorriso, sua alegria.

Enfim, o tempo implacável,
os tempos modernos,
outros pensamentos
puseram abaixo
o baú de lembranças.

Hoje é uma ruína:
sem teto, sem portas,
sem janelas.
Especialmente
sem uma janela.

DADO CARVALHO
25.08.2011 – 00:11h

4 comentários:

  1. Lindo Dado. Parabens! Pude contemplar a "moca" na janela enquanto lia. Obrigada!

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  2. Realmente é linda a poesia, mas veja que cenário de cultura que nosso prefeito consegue deixar: "ruínas", deste casarão a única coisa que vai durar é esta poesia.

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  3. Obrigado a Lucilene e ao Carlos pelos comentários. Realmente, é uma pena que esses patrimônios estejam sendo derrubados. (Dado Carvalho)

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