terça-feira, 30 de agosto de 2011

MOMENTOS MEUS


Meus momentos são somente meus
Não divido com ninguém, apenas com Deus
Momentos de prazer, momentos de dor
Momentos de alegria, momentos de amor...

Minha alma é imensa e tudo vale à pena
Eu sei que a vida às vezes me condena
Mas sinto nela um cheiro doce, um sabor,
Um doce perfume de fores e muito amor

Sou feliz como um passarinho
Que voa, voa e sempre volta ao ninho
Meu ninho de paz, meu ninho de amor
Meu ninho onde recebo tanto calor...

Meus momentos são meus, afirmo a repito
Ninguém penetra em meus momentos bonitos
Porem se a tristeza vier me atormentar
Os belos momentos irão me compensar

Pois tenho você para eternamente amar...

cassiamaral

BORDANDO A VIDA


Vou bordar a minha vida com linhas bem coloridas
Com rendas, sedas arminhos, tudo com muito carinho.
Quero do arco Iris as cores, quero a beleza das flores
Enfeitada com laços de fita vai ficar muito bonita

A cada passada da agulha, vai ficar mais encantada
Vida limpa sem fagulhas, vida muito desejada
Vou usar fios de ouro, lantejoulas e cristais
Minha vida é um tesouro e merece muito mais

Vou bordar as minhas lagrimas, transformá-las em cristais
E bordando minhas dores eu não quero vê-las mais
Ao final do meu trabalho ficarei extasiada
Vendo enfim minha vida colorida e bordada

Terei uma vida só de amores e belos sonhos multicores
Vida cheia de bordados e com sonhos encantados
Não mais darei valor aos novos dissabores
Viverei contente e feliz com meus bordados

cassiamaral

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O PORTÃO

Uma carreira de estátuas frias
vigia o caminho até o portão.
Há uma névoa
que serpenteia vagarosa
pelo chão de pedras frias.

Pálida e triste donzela
desliza sobre o caminho de pedras.
Suas vestes esvoaçantes
balouçam à brisa
úmida da madrugada.

“Aonde vais, errante donzela?
O que procuras em tão fria noite?”

Ela se volta,
vê o anjo azul
e aponta em direção
ao grande portão.

O anjo azul lhe sorri:
“Queres a liberdade, pois não?”

Ela meneia a cabeça,
como um boneco sem alma,
e aponta novamente
o dedo pálido
em direção ao grande portão.

“Mas tu já tens a liberdade,
basta usá-la, pois não?
Entrego-te, pois,
a chave do portão.
Abre-o e segue teu caminho.”

Ela toma a chave
entre seus alvos dedos,
vai até o portão,
deslizando suave e branca.
Temerosa e circunspecta,
olha para a chave,
mas volta-se.

Novamente, o anjo lhe sorri:
“Tens medo de abri-lo?”

Muda e opaca,
ela meneia a cabeça.
Devolve ao anjo
a chave da liberdade.
O anjo azul lhe sorri mais uma vez:
“Um dia perderás o medo.
Voltarei, dentro de alguns anos,
com outra chave.”
E o anjo azul se vai.

Uma carreira de estátuas frias
vigia o caminho do portão
até o reino da solidão.

DADO CARVALHO
26.08.2011 – 01:00h

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A MEDUSA

Não, não me desviarei de teu olhar
nem usarei espelho para ver teu rosto.
Não me amedrontas
com teus cabelos de serpentes.

Tenho a força do sol a meu favor,
e a luz que brilha em mim
te ofuscarás antes de tudo.

Estou pronto a te cortar a cabeça,
um novo Perseu a subjugá-la
e livrar o mundo de tua horrenda face.

Não precisarei de sandálias aladas
nem de elmos de invisibildiade
tampouco da fúria de Atena
para te destruir.

Basta a ti a força de meu olhar sincero,
verdadeiro e justo,
para anular o veneno de tuas cobras.

Sou a verdade.
Tu és a Inveja
e a ti sou imune.

DADO CARVALHO
25.08.2011 – 23:36

A NOITE DO CORVO

 
Meia-noite.
A cidade dorme.
No céu, vagas estrelas luzem.
A lua cheia caminha devagar.

Um corvo gigante singrou os ares
sobre a rua escura
calçada de pedras disformes.

O ar era úmido
e as igrejas estavam fechadas.
O corvo gigante pousou no cimo do prédio
e abriu suas asas negras.
E o céu se fechou.

A lua, que antes sorria,
derramou lágrimas de prata
que furaram o negrume da noite
e salpicaram o chão
com gotas argênteas.

O corvo, de asas abertas,
mantinha a escuridão,
sua íntima companheira.

As lágrimas da lua
não o comoveram:
“A noite é minha,
nenhuma luz será possível.”

Voou dali ao chão
e comeu os salpicos da lua
como se fossem grãos.

Mas, oh, pobre corvo!
Tornou-se iluminado e reluzente
como a própria lua.

A rua se iluminou,
e o corvo, frustrado,
chorou.

DADO CARVALHO
25.08.2011 – 20:50h.

ERA UMA VEZ



Era uma vez uma praça.
Era uma vez uma casa.
Era uma vez uma janela,
onde elegante donzela
olhava o mundo passar.

Era uma praça graciosa,
enorme era o casarão,
velha relíquia da esquina,
celeiro de boas lembranças.



Ali ouviu-se o piano
de belos pés entalhados.
Ali se fizeram festanças
na abastança dos tempos idos.

Ali cresceram as moças,
que, com o tempo, envelheceram.
Apenas a da janela
recusou as rugas;
disse não ao peso dos anos,
usando como arma
seu sorriso, sua alegria.

Enfim, o tempo implacável,
os tempos modernos,
outros pensamentos
puseram abaixo
o baú de lembranças.

Hoje é uma ruína:
sem teto, sem portas,
sem janelas.
Especialmente
sem uma janela.

DADO CARVALHO
25.08.2011 – 00:11h

LETRAS


Letras no poente,

componho palavras exdrúxulas,

sem eco, sem sexo, sem nada.


Leitura de mãos:

a cigana, de olhares oblíquos

e dissimulados, me faz uma promessa.


Ora, ora, ora, era só o que me faltava.


Piso a grama já orvalhada;

cócegas nos pés descalços.

Uma letra caída,

uma letra sobre a grama,

uma letra deixada ao léu.

Um “A” abandonado.


De repente, encontro outra

e mais outra.

Penso que caíram do poente,

depois que o sol se foi.

E a cigana analfabeta

não as quis.


Um papagaio passou voando

e nada disse,

mas o homem a minha frente

articulou uma frase.

─ Procure o resto,

o nome está por aí, inteiro.

Abriu seu guarda-chuva preto

e se foi.

(Não ousei dizer-lhe que não chovia.)


E eu continuo em busca das letras.

Que nome formará?

DADO CARVALHO

24.08.2011 – 23:51h

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ENCONTRO

Não sei se deveras existe,
só sei que o estranho me espreita,
e coisas inusitadas
surgem dependuradas
num firmamento de zinco.

Tudo é muito estranho e novo.
Tudo veio em bandeja de excelência,
e os lenços de linho estão dobrados
sobre a mesa.

─ O patrão descerá em instantes.

Os cristais intocáveis
rebrilham sobre a toalha de renda;
talheres de prata refulgem.

Não sei se deveras existe,
mas o mordomo fez mesura e saiu.
O maltrapilho, no meio da sala,
não sabe o que fazer.

Não sei se deveras existe,
mas o maltrapilho cheira
suas próprias mãos
há muito não lavadas.

O coração palpita,
um pequeno rato atravessou a sala.
Ouviu-se um tiro. Um grito!
O patrão maltrapilho desce
as escadas. ensangüentado.
Mármore salpicado de rubro.

─ Olá. Obrigado por ter vindo.
Jantamos? Sente-se, por favor.

Dois pares de olhos se fixaram
de modo estranho, de modo inusitado.
Um par azul, um par negro.

Lá fora era noite, e o céu estava límpido,
mas as estrelas eram suspeitas.
E a luz exibia um sorriso de escárnio.

DADO CARVALHO
24.08.2011 – 22:50h

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

COESÃO POETICA

Carinho, amor atenção dedicação
O aconchego de amigos queridos
Eu encontrei nesse grupo perfeito
Sempre aprendendo com os amigos
A escrever os meus poemas com mais jeito
Ouvindo seus poemas lindos


Parabéns meus amigos queridos
O carinho que aqui encontrei
Eu francamente... Não esperei
Tudo eu amo, tudo gosto, amo vocês
Instante mágico foi quando aqui entrei.
Cada sarau e cada reunião que participei
Agradeço sempre ao bom Deus


Por ter-me dado esse presente
Com o carinho de vocês
Hoje sou feliz, vivo contente...


cassiamaral

domingo, 21 de agosto de 2011

AMOR PERFEITO


Num majestoso jardim com lindas flores perfumadas,
Uma flor bem pequenina sentia-se desprezada.
Todo dia um beija flor, alegremente chegava
Beijava toas as flores, mas a florzinha...
Nem notava...

A florzinha lá ficava esperando a sua vez.
O beija flor não a via pela sua pequenez.
A florzinha se estufava para ver se aparecia
Mas de nada adiantava, o beija flor não a via.
Mas um dia, ele notando tanta tristeza na flor,
Achegou-se com carinho e deu-lhe um beijo de amor.
A florzinha alvoroçada, logo se sentiu amada.
Soltou todo seu perfume e ficou apaixonada.

A partir daquele dia a florzinha o esperava.
Se ele não aparecia ela logo se murchava...
Ficaram então muito amigos, vejam o que aconteceu:
Uma grande historia de amor naquele jardim nasceu.

As outras flores sentindo
Nesse amor um grande efeito,
Deram a essa florzinha o nome de
AMOR PERFEITO

cassiamaral

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

DENTRO DE MIM

Na minha loucura insana
Tento decifrar o que vai dentro de mim
Um pouco de tudo, um pouco de nada...
Como pode ser assim?

Tenho dentro de mim uma dócil ovelhinha
Mas também uma grande fera enjaulada.
Quero voar ousada de encontro à lua rainha,
E às vezes quero apenas ficar na terra estacionada

Carrego a tristeza, carrego a alegria,
Carrego a dor, a euforia e a nostalgia
Carrego paixões, carrego amores
Mas carrego também sentimentos e rancores

Tenho a inocência de uma criança pura,
Tenho a consciência de mulher madura,
Tenho os encantos de mulher ardente
E todos os medos de mulher carente

Essa mistura de tudo o que carrego
Levando a vida sem saber ao certo,
Faz-me querer saber e perguntar:
Quem um dia poderá me decifrar?

Quem sou eu e quem me amará?
Se nem mesma eu sei... Quem saberá?
Essa mistura em mim somente me ensina
Que meu desejo é ser_ eternamente menina...

cassiamaral