Era uma vez uma praça.
Era uma vez uma casa.
Era uma vez uma janela,
onde elegante donzela
olhava o mundo passar.
Era uma praça graciosa,
enorme era o casarão,
velha relíquia da esquina,
celeiro de boas lembranças.
Ali ouviu-se o piano
de belos pés entalhados.
Ali se fizeram festanças
na abastança dos tempos idos.
Ali cresceram as moças,
que, com o tempo, envelheceram.
Apenas a da janela
recusou as rugas;
disse não ao peso dos anos,
usando como arma
seu sorriso, sua alegria.
Enfim, o tempo implacável,
os tempos modernos,
outros pensamentos
puseram abaixo
o baú de lembranças.
Hoje é uma ruína:
sem teto, sem portas,
sem janelas.
Especialmente
sem uma janela.
DADO CARVALHO
25.08.2011 – 00:11h
Lindo Dado. Parabens! Pude contemplar a "moca" na janela enquanto lia. Obrigada!
ResponderExcluirRealmente é linda a poesia, mas veja que cenário de cultura que nosso prefeito consegue deixar: "ruínas", deste casarão a única coisa que vai durar é esta poesia.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigado a Lucilene e ao Carlos pelos comentários. Realmente, é uma pena que esses patrimônios estejam sendo derrubados. (Dado Carvalho)
ResponderExcluir