Letras no poente,
componho palavras exdrúxulas,
sem eco, sem sexo, sem nada.
Leitura de mãos:
a cigana, de olhares oblíquos
e dissimulados, me faz uma promessa.
Ora, ora, ora, era só o que me faltava.
Piso a grama já orvalhada;
cócegas nos pés descalços.
Uma letra caída,
uma letra sobre a grama,
uma letra deixada ao léu.
Um “A” abandonado.
De repente, encontro outra
e mais outra.
Penso que caíram do poente,
depois que o sol se foi.
E a cigana analfabeta
não as quis.
Um papagaio passou voando
e nada disse,
mas o homem a minha frente
articulou uma frase.
─ Procure o resto,
o nome está por aí, inteiro.
Abriu seu guarda-chuva preto
e se foi.
(Não ousei dizer-lhe que não chovia.)
E eu continuo em busca das letras.
Que nome formará?
DADO CARVALHO
24.08.2011 – 23:51h
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