Meia-noite.
A
cidade dorme.
No
céu, vagas estrelas luzem.
A
lua cheia caminha devagar.
Um
corvo gigante singrou os ares
sobre
a rua escura
calçada
de pedras disformes.
O
ar era úmido
e
as igrejas estavam fechadas.
O
corvo gigante pousou no cimo do prédio
e
abriu suas asas negras.
E
o céu se fechou.
A
lua, que antes sorria,
derramou
lágrimas de prata
que
furaram o negrume da noite
e
salpicaram o chão
com
gotas argênteas.
O
corvo, de asas abertas,
mantinha
a escuridão,
sua
íntima companheira.
As
lágrimas da lua
não
o comoveram:
“A
noite é minha,
nenhuma
luz será possível.”
Voou
dali ao chão
e
comeu os salpicos da lua
como
se fossem grãos.
Mas,
oh, pobre corvo!
Tornou-se
iluminado e reluzente
como
a própria lua.
A
rua se iluminou,
e
o corvo, frustrado,
chorou.
DADO
CARVALHO
25.08.2011
– 20:50h.
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