Em seu peito
dormiam anjos
azuis,
silenciosos,
mansos.
Lá fora
a noite era
fria e úmida.
A lua rasgou a
nuvem negra,
querendo ver
seu rosto,
quem sabe,
e encontrou-o
inerte,
de olhos
parados
em frente aos
vidros baços
da janela
a olhar
impassível a noite.
Uma voz se
ouviu:
“Sai de ti, ó jovem.
Vem caminhar
sobre o chão
de folhas secas,
sentir a o
vento da noite
acariciando a
pele de teu rosto.
“Logo o sol
rasgará
esse manto
negro,
e tudo
brilhará como nunca.
“Vem banhar-se
nessa luz.
Não fique aí,
em frente à janela
vendo o mundo
passar.
“Amores
antigos
não
ressurgirão do passado.
Abre tuas
janelas para o presente,
acorda teus
anjos
que fizeste
adormecer
no torpor de
tua alma.
“Vem, a vida
te espera.
Aqui fora há
lugares tranquilos
onde é bom
sonhar.
“Os ventos da
noite te levarão
por entre
árvores e arbustos;
caminhos
misteriosos
onde é bom cismar.”
A noite escura
e fria
engoliu a lua
e abafou a
voz.
Seus pés o
levaram até a porta;
sua mão pálida
ergueu-se
à luz buxuleante
da vela.
Parou. Mão
estendida no ar.
Aguardemos que
hoje,
essa porta
seja aberta.
DADO CARVALHO
Sorocaba, 10.09.2011 – 11:26h
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